Reportagem - Londe Demais das Capitais

domingo, 2 de março de 2008

Longe Demais das Capitais

Longe Demais das Capitais é um disco cheio de boas intenções, com alguns momentos, mas com muitos detalhes que não soam bem aos ouvidos. Primeiro: o xará Humberto Gessinger é bom guitarrista mas seu vocal não dá pé mesmo, ainda quando ele insiste nos cacoetes de um sotaque agauchado demais, enraizado demais naqueles corinhos complementares de "iê-iê" e "ouo-ouo". Ele também é bom compositor e letrista (*há bons temas, boas letras embora haja, às vezes, muita repetição de frases e palavras, refrões por vezes forçados e, por isso mesmo, até meio patéticos) mas conseguir detectar, aqui e ali, soluções musicais que já estão dando no saco, como os regaes paralamescos "Segurança", "Nossas Vidas" e "Sweet Begônia", onde a coisa soa como se estivéssemos ouvindo um Kleiton e Kleidir enroclados.
Em suma, um disco que não chega a ser ruim mas que poderia ser bem melhor, e onde os melhores momentos estão mesmo em "Toda Forma de Poder", "Eu Ligo Pra Você" e principalmente a faixa-título, onde o trio promoveu excelentes variações instrumentais e Gessinger caprichou numa divagação intima sobre a diferença entre dois mundos com realidades desiguais: um ingênuo e distante - e pequeno -; o outro enorme e já corrompido pela degeneração de uma civilização em decadência.
"Nossa cidade é tão pequena/E tão ingênua/Estamos longe demais/Das capitais". E estão mesmo. Conselhos: pé na estrada, muitos shows, experiências várias e vitais, amadurecimento musical. Tudo isso para conceber um futuro segundo LP, bem superior a esta estréia individual do trio. Afinal, todo mundo merece uma segunda chance. (Humberto Finatti)

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