Portal Ibahia entrevista Humberto Gessinger

segunda-feira, 10 de março de 2008

Humberto Gessinger é entrevistado pelo Portal iBahia. Confira a entrevista na Íntegra.

Humberto Gessinger se considera um compositor ao explicar a inconstância musical, tanto que prefere deixar as coisas acontecerem. Com vinte anos de banda e a gravação do Acústico MTV, o segundo do Engenheiros nesse formato - 'Filmes de Guerra, Canções de Amor' foi o primeiro em 1993 – ele garante ter construído uma carreira sólida. Por e-mail o líder e mentor do grupo falou ao iBahia sobre a turnê do novo disco, as muitas formações de um grupo que está sempre renovando e ainda deixou no ar a possibilidade de uma volta com os companheiros Carlos Maltz e Augusto Licks, da formação considerada a melhor do grupo gaúcho.

iBahia - O Engenheiros foi uma das primeiras bandas a experimentar o formato acústico, em 1993 com o disco 'Filmes de Guerra, Canções de Amor'. Por que gravar um acústico MTV?
Humberto Gessinger - O repertório e a sonoridade são completamente diferentes nos dois discos. Inclusive os instrumentos. Acho muito interessante como estes dois discos se relacionam, se complementam. Ainda gostaria de gravar um terceiro acústico enfatizando coisas que pintaram no meio da tour como a viola caipira.

iBahia - Qual o critério de escolhas das músicas para o Acústico MTV?
Humberto Gessinger - Ensaiamos um número muito grande de canções e deixamos que elas se escolhessem. Independente de terem sido sucesso ou serem desconhecidas, entraram as que estavam soando bem no ambiente acústico. O único critério além deste foi deixar de fora as que já tinham sido gravadas no Filmes de Guerra Canções de Amor.

iBahia -Você continua mantendo contato com o baterista Carlos Maltz, que fez parte da formação clássica da banda e participou do disco. Existe a possibilidade de Augusto Licks voltar e essa formação se reunir novamente, mesmo depois dos problemas com direitos autorais que vocês tiveram?
Humberto Gessinger - As portas estão sempre abertas. Só guardo coisas boas do tempo em que trabalhamos juntos.

iBahia -Vocês sempre fizeram questão de manter a ambigüidade entre cultura de massa e arte. Como você faz para agregar valores tão diferentes com a música pop?
Humberto Gessinger - Está cada vez mais difícil. O mundo está perdendo as sutilezas e nuances. A ordem é ser rápido e explícito...mas ainda tem uns malucos que nos acompanham.

iBahia - As letras das suas músicas são repletas de aliterações e auto-referências. Qual a sua principal fonte de inspiração para escrever e musicar?
Humberto Gessinger - Não penso muito antes de escrever. Confesso que não sei por quê escrevo assim. Certamente muita coisa me influencia mas nada muito diretamente.

iBahia - No começo do grupo você tocava guitarra, depois passou para o baixo e agora voltou para a guitarra de novo. Qual o motivo dessa instabilidade?
Humberto Gessinger - Sempre me vi como um compositor. Minha relação com os instrumentos é muito irracional, mística. Em alguns momentos, algo me diz para buscar novos sons. Agora estou apaixonado pela viola caipira. Foi o instrumento que mais rapidamente me abriu as portas.

iBahia - Por que o Engenheiros do Hawaii está sempre mudando de formação?
Humberto Gessinger - É um ofício muito intenso, não dá para ficar burocrata. Mas, na verdade, nenhuma formação acabou, elas estão todas aí, ainda vibrando de alguma forma ou de outra...nos discos, em alguns corações, em algumas mentes.

iBahia - Como você escolhe os músicos da banda?
Humberto Gessinger - Raramente tomo a iniciativa. Deixo a vida ir trazendo para perto. Deixo o tempo dizer se rola.

iBahia - Você é muito rigoroso com arranjos musicais?
Humberto Gessinger - Sou. Mas não quer dizer que busco um arranjo específico e não aceito desvios. Há vários arranjos possíveis, mas em cada uma destas possibilidades há que se jogar inteiro.

iBahia - Você já declarou algumas vezes que não gosta muito de tocar em festivais. No Festival de Inverno, em Vitória da Conquista, a banda foi muito aplaudida e se tornou uma dos maiores pedidos para o Festival de Verão de 2007. Qual a sua opinião sobre esses festivais?
Humberto Gessinger - O Festival de Vitória da Conquista foi muito especial, um dos melhores. Se todos fossem assim seria maravilhoso. A tour do Acústico foi especial por vários motivos, acho até que quebrou meu preconceito com festivais.

iBahia - Vocês nunca foram os 'queridinhos' da crítica, mas sempre foram respeitados musicalmente, e conseguiram sucesso nadando contra a maré. Qual o segredo?
Humberto Gessinger - São dois tempos diferentes, o da crítica e o do artista. As motivações também não são as mesmas. São mundos que não se tocam por incrível que pareça. O mundo do coração é completamente diferente do mundo do cardiologista.

iBahia - O que você sentiu quando dividiu os vocais com a sua filha, Clara, em Pose?
Humberto Gessinger - Senti que tinha construído algo sólido na minha arte, meu ofício e na minha vida pessoal.

iBahia - Como você define a banda atualmente?
Humberto Gessinger - A tour do Acústico foi o melhor show que coloquei na estrada nestes mais de 20 anos.Pelo que estamos sentindo o disco novo vai ser muito especial. Estamos nos preparando para os próximos 20 anos.

iBahia - Como Humberto Gessinger vê a Bahia?
Humberto Gessinger - Se desse para isolar as regiões talvez a Bahia fosse musicalmente o centro do país.

iBahia - O que os baianos podem esperar desse show na Concha Acústica do Teatro Castro Alves?
Humberto Gessinger - Todas as músicas do DVD mais dez que poderão estar num futuro acústico. Além de toda estrutura de palco e cenário do DVD. A melhor tour da banda nestes mais de 20 anos.

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